terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Eu também vou reclamar

Cada vez que eu me conecto com as pessoas ao meu redor, fico incomodado. Quero reclamar de tudo: Da hipocrisia dos que assistem o BBB, da burrice dos que cometem erros gramaticais graves, dos que julgam sem conhecer, dos que pregam sua ideologia recém adquirida com unhas e dentes. Também quero reclamar dos que usam hashtags pra tudo, dos que postam comida no Instagram, das meninas que gostam de homens barbados (e que não tem critério nenhum - a definição de barba vai desde a sujeirinha na cara até os bigodes e cavanhaques), das que postam suas unhas ridículas, seus sapatos cafonas e seus vestidos iguais.
A música também me incomoda: o funk mal cantado é agressivo aos ouvidos, o sertanejo universitário exalta a fraqueza de conversa dos homens, que preferem investir o dinheiro que tem em carros e bebidas para ter mulheres fáceis, sem perceber que, dessa maneira, só tendem a perder tudo no futuro.
O pagode também segue a fórmula "mais do mesmo" e idolatra as festas e orgias. Chega a dar saudade do Raça Negra, do Só Pra Contrariar...
Onde foi parar a boa música brasileira? Onde foi parar o nosso senso crítico? Onde foi parar o bom gosto?
Hoje em dia, por conta dessa macacada toda que está a nossa vida, quem tem conhecimento de coisas relevantes tende a guardar pra si, a esconder, pra não ter que dividir e estragar. Pra não virar uma parte dessa enxurrada da tempestade onomatopeica de parapapá, lelelê e tchu tcha tchá.
Não vou dizer que tudo que eu consumo é de alto requinte e só o que eu gosto é digno de ser chamado de bom, mas poxa, também tenho o direito de sonhar com o dia em que todos nós leremos livros com conteúdo relevante, músicas que transmitam algum sentimento (e que não sirvam apenas pra exaltar Camaros, Celtas e Fiorinos), filmes que nos façam sair do cinema pensativos e por aí vai.
Sempre que eu penso em reclamar dos outros acabo tendo preguiça de me manifestar, porque sei que há uma boa parte que salva a maioria dessa perspectiva desastrosa. Mas não custa nada sonhar com uma sociedade bacana, com todo mundo sabendo que um compartilhamento de imagem no Facebook não vai doar cinco centavos ao menino faminto da foto.

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