quinta-feira, 21 de junho de 2012

Bolero

se minha vida fosse um filme francês
se chamaria "Suas Costas Embaixo da Minha Janela"
e teria apenas uma cena, repetida várias vezes
suas costas embaixo da minha janela

as curvas, os traços, a cor
a intensidade e a suavidade de uma tarde de inverno
a minha capacidade de não saber expressar
a pureza da tranquilidade daquele momento

quem dera poder reparar sempre
na beleza contida no cotidiano
esquecida nos cantos escuros dos quartos
escondida dentro dos vestidos estampados

e é quando o bolero cai na tarde
que seus ombros desnudos preenchem meu ser
e resultam num poema limpo e simples
e belo como só aquilo poderia ser
(mas sem rimas, que isso eu não sei fazer)