Agora
pego um caminhão,
Na
lona, vou a nocaute outra vez
Esse
disco é saudade. Instrospecção. Buscar algo em si que não existe. Buscar chão.
Percebi
isso hoje, mãe e pai, quando me peguei sentindo falta de casa. Uma saudadezinha
besta, sem crise, mas atravessada. O gustavo tava aqui e eu podia pegar carona
com ele e visitar vocês. Mas não fui.
É
estranho, porque eu sei que posso aparecer aí a qualquer hora e vai ser legal e
tudo, mas sinto falta é de casa mesmo. E não me entendam mal, não tô falando que
a nova casa que vocês estão morando é ruim.
Por « casa » entendam como aquela sensação de proteção e
conforto que existia antes dessa selva de pedra me engolir.
Amadurecer é mesmo um bicho de sete cabeças.
Fui fazer o almoço e coloquei esse disco pra tocar, como já ouvi em vários
domingos em Casa. Domingos de vários aromas, cores, temperaturas. E todos eles
com o Zé tocando alto nos falantes. Memórias afetivas que hoje reverberam forte
na minha cabeça. De saudade, a boa saudade.
Me peguei pensando nos motivos pelos quais
este disco sempre tocava em casa, naqueles tempos áureos do bairro Batistini :
Minha mãe picando cebola na pia, sob aquele brilho bonito do sol rebatido
vermelho da parede sem reboco do vizinho. Meu pai fazendo algum trabalho manual
no quintal, entoando versos dessincronizados que ecoavam pelo vão do terreno em
declive. Eu e meu irmão jogando videogame, ocasionalmente batendo um no
outro.
E lá em casa esse disco tocava. Por
quê ? Talvez pelo mesmo motivo que eu, um recém adulto cheio de vontade de
realizar coisas, com medo de não suportar responsabilidade demais, ouço ele
agora : saudade de casa. Louco ter vinte e poucos né ?
O disco acabou, o macarrão tá pronto.
louco ter vinte e poucos. louco esse disco, macarrão, saudade de casa, cheiro de mãe, briga de irmão, vida que passa, família, refúgio, socorro. louco.
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