terça-feira, 9 de outubro de 2012

Coloco mais um prato em cima do criado mudo e acabo o suco de maracujá na esperança de dormir melhor, mas sei que os bons sonhos que eu terei serão, novamente, baseados nela.
Me peguei pensando em duas coisas que mais me marcaram nesses últimos dias: a terra do meu chão, desde o piso de tacos que povoa meus pensamentos, até a pedra mais alta da Chapada Diamantina.
Preciso andar novos caminhos, descobrir novas terras, sentir novos grãos, areia, pó.
Me lembro também daqueles cabelos revoltos que combinavam com a luz vermelha que entrava pela porta da varanda. Seus lençóis brancos retorcidos pelo movimento de nossos corpos e o desejo de não querer nunca mais sair dali.
Instalaria uma rede naquela varanda. Uma rede especial, pra dormir a dois.Se bem que uma rede individual estabelece a necessidade de se enroscar. E bem que eu gostaria de voltar a me enroscar naquele corpo pequeno e ruivo.
Faria o café, se conseguisse acordar mais cedo. Trocaria a lâmpada e o resistor do chuveiro, se fosse necessário. Colocaria o varão da cortina. Tudo pra ver brilhar aquele sol dentro do quarto novamente, e sair limpando o chão de tacos com nossas roupas.
Mas ao mesmo tempo, queria jogá-la dentro do automóvel e sair rasgando o chão, erguendo o véu de poeira citado nas canções, subindo montanhas e sentindo o vento batendo no rosto.
E voltar a ser o garotinho que observava maravilhado os mini-tufões que o vento causava com o pó de sua rua de terra, nos dias quentes de verão. Que sempre gostou de sentir o que não se pode ver, mas se sabe que está lá.

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